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Não são as novas tecnologias que roubam nossos empregos, são os capitalistas

FALSO DILEMA. Não é a Inteligência Artificial, em seu desenvolvimento, que vai causar o cenário dramático do inevitável desemprego humano em massa. O progresso é sempre positivo. O questionável é a determinação de quem dele se apropria e se beneficia. No regime capitalista, o progresso registra uma incessante concentração de riquezas que cada vez torna mais popular os nomes de alguns controladores de algoritmos na Revolução Digital. Despedem-se para polpudas aposentadorias, os warren buffets e george soros – maganos dos manipulados mercados especulativos -, e entram os Bezo, Musk, Zuckerberg. Esses são os vilões reais que se aproveitam da exploração de milhões de incautos em todo o mundo, hipnotizados, na uberização, com a ideia de “serem patrões de si mesmos”, confundindo informalidade desprovida de direitos sociais com “empreendedorismo”.

É EVIDENTE que, numa sociedade pautada pela apropriação privada dos meios de produção, o objetivo dos maganos que controlam os algoritmos de suas redes, e a robotização crescente de seus parques industriais ainda existentes, é a cada vez maior exploração do mais valor extraído do mundo do trabalho. Dos oprimidos.

MAS A HISTÓRIA vale para lembrar que não há nada de novo nessa contradição entre progresso material e piora das condições de vida. Isso já se registrou na Primeira Revolução Industrial, lá no século XIX. Operários invadiam fábricas para quebrar máquinas que lhes roubavam os postos de trabalho. Era o Movimento Ludista (nome tirado de Ludd, um operário pioneiro que teria feito isso no fim do século XVIII).

ESSE MOVIMENTO se esgotou quando a consciência de classe despertou o proletariado nascente para a questão fundamental. Não eram as máquinas que lhes sequestravam os postos de trabalho, mas sim a lógica de seus proprietários, na busca do maior lucro com menor custo. Foi dessa conscientização que nasceram as Revoluções que abalaram e transformaram qualitativamente – com o fim definitivo do feudalismo – as relações sociais.

O MESMO SE COLOCA no cenário atual, onde os proprietários das máquinas são substituídos pelos controladores de algoritmos, controladores de redes e da robotização. Com a mesmo lógica da obtenção do maior lucro, com o menor custo. Ou seja. A luta não é contra a Inteligência Artificial. A luta é contra o regime capitalista e seus conceitos de propriedade privada. Fossem propriedade social, os diversos modelos de Inteligência Artificial resultariam em redução de jornada de trabalho, e maior tempo livre para que todos desenvolvessem suas verdadeiras vocações.

SE NÃO FOR ESSE o cenário futuro da Humanidade, a prevalecer a falácia do “empreendedorismo” e da “inclusão” como bandeiras de luta que a esquerda liberal se empenha em assumir, o que virá será, certamente, a barbárie.

Foto: Envato. Por seventyfourimages

  • Jornalista, ex-deputado, fundador e membro da Direção Nacional do PSOL.