A juventude periférica enfrenta desafios brutais: precarização do trabalho, educação sucateada, além do capitalismo predatório que aprofunda desigualdades e acelera as crises climáticas. Para estudantes e jovens trabalhadores, a realidade é de jornadas exaustivas no ambiente de trabalho e doméstico, que rouba tempo de estudo, lazer e dignidade. Ao mesmo tempo, enfrentamos catástrofes ambientais causadas por um sistema que privilegia o lucro acima da vida, destruindo a biodiversidade e comprometendo o futuro do planeta.
A juventude quer vida além do trabalho
No Brasil, segundo o IBGE, mais de 8 milhões de jovens (15 a 29 anos) são obrigados a conciliar trabalho e estudo, muitas vezes em empregos informais, em escala 6X1, sem a garantia de direitos e com salários baixos. Além disso, mais de 9 milhões de jovens nessa mesma faixa etária não trabalham e nem estudam, resultado de uma realidade marcada pelo aumento dos casos de depressão e ansiedade diante da ausência de perspectiva de vida dentro do sistema capitalista.
A escala exaustiva e a uberização simbolizam essa lógica perversa: seis dias de trabalho por um de descanso ou a submissão a aplicativos que exploram sem oferecer garantia, esgotando corpos e mentes. A reforma trabalhista, a terceirização e a economia de plataformas ampliaram a precariedade, enquanto os cortes orçamentários tornam o acesso e a permanência nas Escolas, Institutos e Universidades públicas cada vez mais difíceis. E mesmo com políticas de cotas e assistência estudantil, o ensino superior ainda está distante para a juventude periférica.
Um sistema que destrói vidas e o planeta
Os capitalistas não só exploram a classe trabalhadora, mas também destroem a natureza rumo ao colapso. As consequências são visíveis: secas, enchentes, temperaturas extremas e a extinção acelerada das espécies. Na educação, o impacto é brutal: apenas 34% das salas de aula de escolas públicas têm climatização (CIEPP), e mais de 6 mil escolas não possuem água potável (Censo Escolar), mostrando como a crise ambiental aprofunda o abandono das escolas públicas. E, usualmente, os trabalhadores e a juventude periférica são os mais afetados.
Segundo a UNICEF, crianças e adolescentes estão entre os mais vulneráveis às mudanças climáticas. No Brasil, são mais de 40 milhões diretamente ameaçados. Enquanto isso, bilionários lucram com a destruição do nosso futuro e constroem bunkers para protegerem-se da destruição que eles mesmos ajudam a criar, enquanto governos neoliberais cortam políticas ambientais e sociais, aprofundando as desigualdades. A maioria da população jovem vive para trabalhar e sobreviver em um mundo cada vez mais automatizado, menos humano, onde até a vida se transforma em mercadoria.
A saída é pela esquerda – Nada deve parecer impossível de mudar
Diante desse cenário, a saída não é individual. Mas sim, coletiva. É preciso fortalecer uma esquerda combativa, disposta a romper com o velho e construir novas formas de organização social e de relação com a natureza. Como disse Karl Marx “A história da sociedade até os nossos dias é a história da luta de classes”. É somente por meio da luta da classe trabalhadora, aliada com o movimento estudantil, que podemos transformar a realidade.
Precisamos lutar por direitos, pelo fim do arcabouço fiscal e pela redução da jornada de trabalho e o fim da escala 6×1 — uma pauta que tem o apoio de 76% dos jovens brasileiros. Também é urgente garantir trabalho digno, taxar grandes fortunas, ampliar o orçamento da educação, fortalecer a assistência estudantil nas escolas e universidades e expandir os serviços públicos por meio de concursos. É fundamental ampliar o acesso às universidades, acabar com o vestibular como mecanismo de exclusão e garantir permanência a todos os estudantes. E primordialmente, é preciso enfrentar de forma radical a destruição ambiental, com reflorestamento, justiça climática e defesa da biodiversidade.
Organize-se no Ocupe!
O Ocupe! Juventude Socialista é um movimento de juventude anticapitalista e antifascista que reúne estudantes, jovens trabalhadores, negros e negras, mulheres, LGBTQIAPN+ e pessoas neurodivergentes que decidiram enfrentar esse sistema com coragem, solidariedade e contestação. Atuamos nas universidades, escolas, bairros e ruas, construindo lutas por educação pública, dignidade, cultura e justiça social e ambiental.
Acreditamos que um mundo melhor é possível e nos propomos a estar na vanguarda desse processo. Este propósito orienta nossa luta diária. Se você, assim como nós do Ocupe, também ousa sonhar com um mundo justo, fazemos um convite para que nos conheça e compartilhe conosco seus anseios e, acima de tudo, suas lutas. Viver é fazer política e a transformação social só virá através da organização da classe trabalhadora.
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Juventude Socialista